Título Original: Ten Little Niggers
Autor: Agatha Christie
Editora: RBA Coleccionables
Sinopse: Dez pessoas são
convidadas a passar uns dias numa ilha privada: mas o seu misterioso
anfitrião não aparece e começam a ser assassinadas uma a uma, seguindo
as ingénuas instruções de uma canção de embalar.
Dez desconhecidos,
que aparentemente nada têm em comum, são atraídos pelo enigmático U. N.
Owen a uma mansão situada numa ilha da costa de Devon. Durante o jantar,
a voz do anfitrião invisível acusa cada um dos convidados de esconder
um segredo terrível, e nessa mesma noite um deles é assassinado.
A
tensão aumenta à medida que os sobreviventes se apercebem de que não só o
assassino está entre eles como se prepara para ir atacando uma e outra
vez…
O que se segue é uma obra-prima de terror. À medida que cada um
dos hóspedes é brutalmente assassinado, as suas mortes vão sendo
“celebradas” através do desaparecimento de uma de dez estátuas, as “dez
figuras negras”.
Restará alguém para um dia contar o que de facto se passou naquela ilha?
Em
As Dez Figuras Negras, a Ilha do Negro, local sombrio e desde sempre
povoado de mistérios, é palco de uma estranha e implacável forma de
justiça, na qual as vítimas se encontram encurraladas pelas
circunstâncias e o agressor é invisível e omnipresente.
A minha opinião:
O meu ano de 2016 começou repleto de excelentes leituras. Já li
quatro livros e a três deles atribuí 5 estrelas (em contraponto com um
ao qual atribuí uma única estrela, mas depois conto-vos tudo).
Terminei
de ler A Game Of Thrones, que já andava a ler há alguns meses e peguei
de imediato no As Dez Figuras Negras. Já desconfiava que seria bom,
devido às boas críticas que tem, mas acreditem quando digo que é
mesmo EXCELENTE! Não vou aqui fazer um resumo do livro porque a sinopse está perfeita e ressalta bem a sua essência, e não há muito mais que possa dizer sem spoilar.
Este foi o segundo livro que li da autora, comecei no verão passado com Um Crime no Expresso do Orientei, o qual já me tinha deixado rendida, principalmente devido ao final, que estava mesmo longe de adivinhar. E eu adoro finais originais e que constituem uma surpresa para mim.
As Dez Figuras Negras não foi exceção. Comecei logo de início a dizer que o assassino seria
x, mas o livro é repleto de plot twists, a autora troca-nos as voltas como ninguém, e a meio do livro já não sabemos de nada.
Todas as certezas que tínhamos evaporam-se, menos uma: a de que o livro é fantástico e de que não o podemos largar até descobrirmos QUEM RAIO É O ASSASSINO!!! Chegamos a um ponto em que nós, a para das personagens que ainda vivem, desconfiamos de tudo e de todos.
A tentação de ir espreitar o final percorreu-me durante quase todas as páginas, mas aconselho vivamente a que resistam à tentação, porque acreditem que a leitura não será a mesma!
Se eu já tinha ficado com a sensação de que Agatha Christie era genial, agora percebo o porquê de ela ser considerada a Rainha do Crime! Jeez, ela é perfeita. A escrita é de uma grande simplicidade e as histórias curtas, o que leva a que se leiam bastante rápido, mas depois ela presenteia-nos com um final que nos leva a ver que todos os pequenos detalhes que estavam para trás e que até nem ligámos muito, afinal eram relevantes. E que final!
E não é só o final, atenção. Temos também as personagens, todas genialmente construídas, com personalidades pensadas ao mais ínfimo pormenor, todos com feitios diferentes, e que são mais que personagens, são pessoas, com as quais nos vamos identificando mais ou menos (gostei imenso do Lombard e do Blore).
E os pequenos grandes detalhes que fazem toda a diferença? Bolas, quando descobri o significado do nome
U. N.
Owen fiquei wow. A sério, PERFEITO!
Para não falar de que todas as mortes são pautadas por uma lengalenga infantil, que se encontra pendurada em todas as divisões da mansão. Para terem noção até que ponto vai a sua genialidade, deixo-vos a lengalenga de acordo com a qual os crimes vão ocorrendo:
"Dez meninos negros foram jantar;
Um engasgou-se e sobraram nove.
Nove meninos negros deitaram-se tarde;
Um dormiu de mais e sobraram oito.
Oito meninos negros foram viajar pelo Devon;
Um disse que por lá ficava e sobraram sete.
Sete meninos negros foram cortar lenha:
Um cortou-se em dois e sobraram seis.
Seis meninos negros brincaram com uma colmeia;
Um abelhão ferrou um e sobraram cinco.
Cinco meninos negros seguiram a advocacia;
Um foi para o Supremo Tribunal e sobraram quatro.
Quatro meninos negros foram para o mar;
Um caiu no anzol e sobraram três.
Três meninos negros andavam pelo jardim zoológico;
Um levou um chi-coração de um urso enorme e sobraram dois.
Dois meninos negros sentaram-se ao sol;
Um deles ficou assado e sobrou um.
Um menino negro ficou completamente só;
Foi e enforcou-se e não sobrou nenhum."
Claro que depois disto tive de ir pesquisar TUDO sobre o livro, tal como faço sempre que um livro me fascina, e descobri que, para além de todas as adaptações de que já foi alvo, há uma mini-série recente, de final de 2015. Escusado será dizer que a vi de seguida. Mas isto fica para um outro post.
A edição do livro que tenho já não existe à venda, mas podem encontrar a edição da ASA aqui.
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